Síndrome do X Frágil

A síndrome do X frágil é uma condição genética hereditária. Está associada a um atraso no desenvolvimento e alterações no comportamento. É a segunda causa mais frequente de deficiência intelectual,  porém ainda muito pouca conhecida.

Uma mutação no gene FMR1, (fragile X mental retardation gene 1), localizada na região Xq27.3 no cromossoma X, leva a aumento do número de repetições CGG, (citosina-guanina-guanina), no DNA, gerando o silenciamento do gene e consequente falta da proteína FRMP que ele codifica. Numa situação normal, encontram-se de 6 a 50 cópias da trinca CGG nessa parte do gene FMR1. Na síndrome, quando ocorre mutação completa, há mais de 200 repetições da mesma sequência. Podem ocorrer também pré-mutações (55 a 200 repetições). Indivíduos com essa pré-mutação tem um risco aumentado de terem filhos com SXF e podem apresentar também fenótipos distintos, que vão desde falência ovariana primária e menopausa precoce em mulheres, ataxia/ tremores em homens. Em alguns casos raros, a síndrome pode ocorrer devido a mutações pontuais intragênicas no gene FMR1, não estando, portanto associados ao aumento do número de repetições CGG.

A doença afeta um em cada 4.000 meninos e uma em cada 6.000 meninas. A menor frequência no sexo feminino ocorre devido a presença dos dois cromossomos X nas mulheres, caso um deles tenha alteração no gene FMR1, o outro pode compensar a alteração, evitando assim manifestações da doença.

A principal manifestação da síndrome do X frágil é o comprometimento intelectual, que varia desde dificuldades de aprendizagem e problemas de atenção até diferentes graus de retardo mental.

Algumas características típicas da doença são face alongada, orelhas grandes, músculos flácidos, mandíbula projetada para frente, alterações oculares (estrabismo e miopia) e, no sexo masculino, aumento do volume dos testículos após a puberdade. Entre 15 e 20% das crianças com X frágil apresentam convulsões. As otites também podem ser recorrentes na infância.

Nas meninas as alterações emocionais, como ansiedade, depressão e isolamento social, entre outros, são os sintomas mais frequentes. Com exceção da flacidez muscular, que pode estar presente ao nascimento, todos esses sinais só aparecem com o passar do tempo.  

Os sintomas da Síndrome do X frágil são similares a outras diversas doenças, havendo suspeita clínica, a análise molecular do gene FMR1 é melhor forma laboratorial de conclusão diagnóstica. É importante quantificar o número de repetições CGG, para identificar pacientes com pré-mutação, principalmente mulheres com insuficiência ovariana e história familiar de deficiência intelectual. O exame citogenético do sangue periférico (cariótipo), não é indicado para diagnóstico.

Até o momento não existe nenhuma terapêutica que possa repor a ausência da proteína FRMP deficiente na síndrome do X frágil. Em geral, o tratamento se baseia em um trabalho multidisciplinar, com intervenções de pediatra, neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, psicoterapeuta, pedagogo e terapeuta ocupacional, entre outros. O geneticista tem papel importante para avaliar a recorrência na família. Existem ainda medicamentos que podem ajudar a melhorar o comportamento e os déficits de atenção.

O papel da família no processo de bom desenvolvimento da criança com Síndrome do X frágil é fundamental para estimulação e inclusão social da criança.